O consumidor cearense que, nos últimos meses, trocou a gasolina pelo etanol para fugir dos custos altos, deve começar a refazer as contas. Enquanto o preço do primeiro começa a ceder, o do álcool hidratado está subindo. Ontem, em alguns postos de Fortaleza, o litro da gasolina estava a R$ 4,67, nove centavos a menos ante a média da semana passada (R$ 4,76) e abaixo dos R$ 4,89 registrados no auge da crise dos combustíveis.

O litro do etanol no Estado, que chegou a R$ 3,89 durante a greve dos caminhoneiros, caiu para R$ 3,76 na semana anterior, mas voltou a subir para R$ 3,79, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). É o mais caro do Nordeste e o quarto no País. É também um produto em falta de em alguns postos do Estado. Ontem, não tinha, por exemplo, no posto Shell da rua Jaime Benévolo, em Fortaleza.

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Walter Almeida, 76, que costuma abastecer seu carro com etanol e gasolina, ontem, não conseguiu colocar álcool hidratado. “Está faltando etanol aqui, né? Eu sempre abasteço os dois porque o álcool deixa o combustível mais puro e é melhor pro motor”, comenta.

Mas o que explica estas oscilações? “O problema é que o etanol vem por terra. E como estamos no período de entressafra no Nordeste, quase todo etanol está vindo de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. O que torna o frete mais caro”, explica o assessor econômico do Sindicato dos Postos do Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José Costa.


Ele ressalta que com a retenção de cargas em função da greve dos caminhoneiros, o abastecimento de etanol ainda não está normalizado nos postos. Principalmente, no Interior. O que deve ser equilibrado em breve, acredita.

Outra razão é a própria explosão do consumo. Neste ano, a demanda por etanol no Ceará nos quatro primeiros meses do ano teve alta de 23,77%, ante igual período de 2017. Só em abril, dado mais recente da ANP, o volume comercializado chegou a pouco mais de 11 mil m³, 39,28% a mais do que o registrado em igual mês do ano anterior (7,9 mil m³).

Já o volume de gasolina comercializado em abril teve queda de 1,01%, no comparativo de 2018 com 2017. No acumulado do ano, o consumo caiu de 445.020 m³ para 438.596 m³.

“Este aumento no consumo de etanol tem ocorrido em todo o Brasil desde que a Petrobras mudou sua política de preços, em julho do ano passado e a gasolina foi ficando mais cara”, explica o consultor na área de petróleo e gás, Bruno Iughetti.

A situação é confirmada pelo gerente comercial da distribuidora cearense Ypetro, Milton Alexandre Araújo. Segundo ele, a demanda teve alta significante, principalmente, no período da greve. “Aumentou muito. É um movimento do próprio consumidor diante de um mercado conturbado. E o que a gente percebe é que muitas vezes as pessoas olham apenas o preço nominal, sequer chegam a fazer a conta sobre quando é mais vantagem”.

Fonte: O Povo Online

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