Ceará precisa requalificar 350 mil trabalhadores da Indústria

O mercado de trabalho cada vez mais concorrido e que requer capacitações específicas dos profissionais tem estimulado muitas pessoas a procurarem alternativas rápidas e eficientes cuja contratação de mão de obra pelas empresas ocorre de forma mais acelerada. 

Segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-CE), as áreas mais demandadas pela indústria cearense são metalmecânica, construção civil, alimentícia, eletrotécnica, energias, logística, eletroeletrônica e a área de mecatrônica. O levantamento da entidade leva em consideração os resultados do Mapa do Trabalho Industrial feito pelo Senai Nacional e indica também que as profissões ligadas à tecnologia terão alto crescimento até 2023. No Estado, será necessária a requalificação de pelo menos 350 mil trabalhadores industriais.

De acordo com o Senai-CE, o avanço desses segmentos fez a busca por cursos profissionalizantes crescer 25% no primeiro semestre de 2019, na comparação com igual período do ano passado, totalizando 25 mil matrículas nos primeiros seis meses. Em termos de investimento, o estudante precisa levar em consideração qual área vai escolher e em qual instituição educacional vai realizar o curso.

Consulta feita pelo Senai, no Cepep Escola Técnica e no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) constatou que os preços vão de R$ 200 a R$ 10,3 mil para o curso completo. “Aqui, nós temos grandes áreas e grandes indústrias que vão requerer este aperfeiçoamento. Nós temos a qualificação na área de energia renováveis, mas quem já está nesta área precisa se aperfeiçoar. Diante disso, existem outros desafios. As pessoas como um todo precisam se qualificar porque a indústria vai precisar de profissionais qualificados, como robotização, engenharias, usinagem, entre outras”, explica Sônia Parente, gerente de Educação do Senai- Ceará.

Segundo ela, o cenário de recessão no País, com o desemprego crescente, fez com que muitas pessoas buscassem a capacitação e a inserção no mercado de trabalho. “A crise econômica e a falta de empregos de forma geral fizeram com que as pessoas investissem na educação profissional. Isso é bom para a indústria e para a sociedade como um todo. E mesmo com a questão da economia houve uma procura muito maior neste ano. A demanda existe, como o Mapa do Trabalho está mostrando. Tem de ser boas escolhas e escolhas assertivas para onde tem demanda”.

Parente afirma que o portfólio de cursos do Senai é direcionado para onde há demanda de mercado. “Se hoje a pessoa vai a uma escola nossa, visita o nosso site ou liga na Central, já vai ter à sua disposição um portfólio que é demandado pela Indústria. Nós temos um trabalho de inteligência de mercado que direciona justamente nessa perspectiva. Se está sendo ofertado pelo Senai é porque tem demanda pela Indústria”, afirma.

Direção
Para Mardônio Costa, analista de Mercado de Trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), esse processo de qualificação profissional é uma estratégia relevante para facilitar a inserção das pessoas no mercado, principalmente, dos mais jovens.

“No País e no Ceará, o jovem representa uma parcela significativa do desemprego. É o segmento que tem uma das taxas mais elevadas de desemprego. A metodologia do Mapa do Trabalho é muito importante porque você elabora um diagnóstico que levanta essas necessidades de qualificação. Isso em termos de primeiro emprego serve como uma diretriz”, reitera. 

Essa orientação de que fala o analista de Mercado do IDT é uma oportunidade para aumentar o interesse pela qualificação, uma vez que a tendência é a economia crescer nos próximos anos. “Esses indicativos e esse trabalho do Senai são como um farol. É um farol que lá para frente está apontando para onde vai caminhar o emprego na indústria ou a própria dinâmica do mercado de trabalho”. 

Segundo ele, a relevância do mapeamento também está concentrada em dar um norte para os trabalhadores e para as próprias entidades treinadoras. Você tem na realidade a indústria 4.0, você tem a evolução tecnológica e a automação dos processos de produção ditando as transformações do mercado de trabalho. Isso está exigindo um novo perfil de trabalhador. Isso ainda orienta as políticas de qualificação e dar maior eficiência e eficácia aos recursos que são aplicados”.

Costa reitera que esses processos de evolução tecnológica contribuem para elevar a produtividade e a competitividade da indústria.
“Além de traçar um plano de fundo para nortear as ações de qualificação profissional e a postura dos trabalhadores como uma orientação do que eles devem priorizar para se qualificarem e se postularem com mais chances”, reforça.

Com mercado de trabalho ainda em crise, saída é a qualificação
Na falta de boas oportunidades de emprego, a saída para muitos profissionais é a qualificação. Com a evolução tecnológica crescente e a exigência maior por capacitações específicas, os cursos técnicos oferecem conteúdos alinhados com a demanda do mercado de trabalho. Em das unidades do Senai-CE em Fortaleza, a movimentação de pessoas buscando informações sobre estes cursos é constante. 

Na turma de Mecatrônica, a sala lotada de estudantes, que dividem o espaço com máquinas e robôs, reflete uma realidade cada vez mais comum nas empresas: o uso de tecnologia. Os alunos seguem as orientações do professor e aprendem aos poucos a manusear os equipamentos. 

Entre eles, Jennifer Saldanha, 25 anos, e José Sampaio Neto, 19, acompanham atentos as explicações. Os dois cursam Mecatrônica no Senai-CE e acreditam que nos próximos anos o mercado de trabalho vai estar mais competitivo. “Minha visão de futuro é que o mercado vai ficar mais concorrido e que vão ter mais profissionais qualificados”, diz Jennifer que sempre gostou de mexer com tecnologia. 

“Com certeza o mercado vai ficar cada vez mais competitivo. Tanto que você não pode terminar só o técnico. Você não pode ficar esperando na sua zona de conforto. É preciso ficar vendo coisas novas”, destaca Sampaio. Nenhum dos dois ainda trabalha formalmente na área que escolheu, mas eles acreditam que o mercado vai melhorar. “Às vezes eu faço alguns bicos, como consertando computador. Eu estou procurando estágio, inclusive já enviei currículo para várias empresas”, afirma a estudante. 

No caso de Sampaio Neto, a busca pelo primeiro emprego ainda não ocorreu. “Ainda não faço estágio porque eu sou um pouco atarefado. Eu faço Engenharia Mecatrônica no IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará). É tanto que eu fazendo aqui já vai ajudar bastante o meu currículo. Eu posso conseguir o emprego só com o técnico e tendo a engenharia vai dar uma visibilidade melhor para mim”.

Para complementar o currículo, o estudante ainda faz curso de inglês e francês. “Eu penso em estudar fora, em outros países. Indo para o exterior eu tenho um potencial enorme. Acho que Canadá, Alemanha, Austrália e França seriam boas opções”, acrescenta.

Modalidades
De acordo com a gerente de Educação do Senai-CE, Sônia Parente, a instituição oferece três modalidades de cursos para os interessados: técnicos, de qualificação e de aperfeiçoamento. “No Senai, nós temos cursos para atender essa demanda por capacitação. Tem a necessidade pelo técnico em que o estudante é um especialista naquela área. No entanto, para requalificação, nós temos diversos cursos de aperfeiçoamento”.

Segundo ela, a qualificação é para os entrantes na indústria. “Tem o curso de qualificação que é para ingressar no mercado ou entrar na indústria e que dura até três meses. O de aperfeiçoamento você já está na indústria e serve para você se aperfeiçoar em uma determinada tecnologia”.

Fonte: Diário do Nordeste

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