Mais de 2 mil pesquisadores poderão ficar sem o pagamento de bolsas universitárias no Ceará

Cerca de 2.295 pesquisadores do Ceará poderão ficar sem o pagamento de bolsas universitárias a partir de outubro, segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em nível nacional, 83.405 estudantes de graduação e pós-graduação estão na mesma situação. Para regularizar o repasse do benefício, o órgão diz precisar de R$ 330 milhões.

“Eu fico muito triste. O que a gente ouve, desde pequeno, é que se você quer ser alguém na vida tem de estudar. O país, para crescer, precisa muito mais do que mão de obra de mercado, precisa ser focado em pesquisa para ter um desenvolvimento da indústria nacional”, reflete a estudante Cemila Pansera, 32, que cursa mestrado em Ciências do Solo na Universidade Federal do Ceará (UFC).

A mestranda, que veio do Rio Grande do Norte (RN), recebe R$1.500 mensais para custear as despesas em Fortaleza. Dessa forma, ela não pode exercer outra atividade remunerada fora da pesquisa. “A bolsa não é considerada um salário, na verdade, ela é um investimento público na nossa formação. No meu caso, ela me mantém aqui e eu só pude vir para cá por causa da bolsa, pois é com ela que eu pago meu aluguel, contas e alimentação”.

Apesar da limitação financeira, o CNPq informou que está reunindo “todos os esforços” junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e ao Ministério da Economia para conseguir o crédito suplementar.

Por conta de um bloqueio de R$ 47 milhões anunciado pelo Governo Federal em abril deste ano, as vagas para bolsista da UFC executadas com recursos da própria instituição não poderão ser ocupadas por outros alunos, caso os estudantes originários deixem as atividades de apoio. Esta decisão foi oficializada pela Pró-Reitoria de Planejamento e Administração no dia 1º de agosto.

O corte no orçamento da universidade deverá atingir as áreas de pesquisa e pós-graduação, graduação, extensão, assuntos estudantis e relações internacionais, além da Secretaria de Tecnologia da Informação, de Cultura e Arte e Escola Integrada de Desenvolvimento e Inovação Acadêmica.

A estudante de Psicologia Gabriela Lira, 20, se preparava para assumir uma bolsa no valor de R$ 400 quando recebeu a notícia do cancelamento. “Estava tudo certo, eu ia entregar os documentos. Foi quando eu vi a notícia que ia ser cortada a substituição e a criação de novas (bolsas). Eu fiquei totalmente sem chão porque estava contando com o dinheiro”, lamenta.

Por meio de nota, a Universidade Federal do Ceará esclarece que “as bolsas ociosas, e só aquelas que são pagas com orçamento da UFC, não poderão ser reocupadas no momento” e que “a situação é temporária, e tão logo sejam feitos aportes no orçamento, isso poderá ser revisto”.

Fonte: G1 CE

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