Na Praia de Canoa Quebrada, no município de Aracati, moradores encontram solidariedade em tempos de pandemia. Há uma semana, 80 voluntários oferecem cestas básicas para trabalhadores sem renda fixa da região. A campanha “Canoa Solidária” conta com a ajuda de comerciantes locais e já distribuiu 120 kits com produtos de higiene e de alimentação durante o isolamento. 

A rede de apoio existe há cinco anos e, com o avanço do novo coronavírus, se mobiliza para ajudar famílias que dependem do turismo para sobreviver. “Pensamos logo neles. Quando a gente teve a notícia de que ia fechar o comércio, nos reunimos rápido para pegar alimentos”, relembra o atendente Mauro Sérgio, um dos organizadores do projeto. 

O atendente trabalha com artesanato, um dos principais serviços afetados pela baixa movimentação. Ele conta que, apesar de também estar sem renda fixa, resolveu ajudar os moradores mais necessitados.“Eu recebo dinheiro dos meus familiares, dos meus amigos. Resolvi ajudar quem não tem nada e precisa do básico”, justifica. 

Apoio
Para facilitar a distribuição, os voluntários estabelecem itinerários diários, decididos em um grupo de mensagens, com a lista dos moradores que mais precisam de ajuda. “Todo mundo se conhece aqui. Por isso, fica fácil saber quem está realmente com necessidade”, explica Mauro. 

Quatro pessoas saem por dia nas ruas para garantir o bem-estar da equipe. “Trabalhamos com sistema de escalas para evitar o contágio dos colaboradores. Essa equipe varia e um voluntário não sai dois dias seguidos”, detalhada o organizador. 

O arranjo serve também para que o grande volume de compras não sobrecarregue a rede comercial na Praia de Canoa Quebrada. “Nós compramos de diversos mercantis, um pouco em cada. Aí, não corre o risco de faltar para os moradores e ainda ajuda o comerciante”. 

Empatia
Luiz Nogueira, dono de uma das barracas da praia, é um dos empresários que participa da ação. Ele disponibiliza itens do estoque do estabelecimento para ajudar nas cestas básicas. Até agora, 20 kits já foram entregues para informantes turísticos da região. 

Os trabalhadores já encontravam suporte na barraca de Luiz, mesmo antes da pandemia de coronavírus. O local oferece refeições gratuitas. “Eu conheço todos os que trabalham aqui. Durante a semana, eles almoçavam na minha barraca de graça. Eu acompanho a situação deles. As cestas foi o jeito que eu arrumei para continuar ajudando.”

Apesar de também sentir os efeitos do isolamento, Luiz defende que a ação se estenda por mais tempo. Para ele, o momento é de empatia. “Nós, como empresários, temos nossas despesas, é claro, mas eu acho que se cada um puder ajudar com um pouco que seja, faz uma diferença grande”, pondera. 

(Diário do Nordeste)

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