Vazaram nas redes sociais e nos grupos de aplicativos de celulares fotografias para fins de identificação criminal, do ex-deputado estadual e federal, Adail Carneiro. As fotos são uma praxe dos órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário brasileiros sempre que alguém é preso e passar a ser “fichado” nos sistemas de informações das corporações policiais e penais.

Adail Carneiro, de 57 anos de idade, casado, natural do Município de Solonópole, no Sertão Central (a 276Km de Fortaleza), já é considerado um detento do Sistema Penitenciário do Estado do Ceará e as fotografias foram tiradas após ele ter que se submeter às ordens e à disciplina dos presídios, sendo a primeira delas cortar ou raspar os cabelos.

Na tarde desta segunda-feira (23), o ex-deputado deixou a carceragem da Superintendência da Polícia Federal, foi fichado na Delegacia de Capturas e Polinter (Decap) e recambiado para o Centro de Triagem e Observação Criminológica (CTOC), que faz parte do Complexo Penitenciário da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), localizado na BR-116, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Fichado

O ex-deputado federal, preso pela Polícia Federal na última quinta-feira (19), durante a segunda etapa da Operação “KM Livre”, deu entrada na unidade prisional exatamente às 16h23, sendo imediatamente recolhido à cela 02, da Ala A do Bloco de Segurança. Recebeu o número 424.986, na condição de “recolhido”. No quesito sobre a identificação de facção, foi considerado pertencente à massa carcerária.

A transferência do ex-deputado para um presídio comum no Ceará, mesmo sendo empresário e com nível superior, aconteceu apenas 96 horas após ele ter sido preso em flagrante pela PF no escritório de uma de suas 10 empresas de locação de veículos, no bairro de Fátima, em Fortaleza. No local, os agentes federais apreenderam cerca de R$ 1,8 milhões em espécie, dinheiro de origem e destinação ainda desconhecidos. A bagatela estava escondida dentro de caixas de embalagem de TVs de grandes telas.

Delação?

A transferência do ex-deputado federal para uma unidade do Sistema Penitenciário ocorre no momento em que há expectativas de que ele faça delação premiada à PF ou à Justiça Federal sobre o que as autoridades denominaram de uma “organização criminosa” que, há mais de 20 anos, vem fraudando licitações no âmbito da Prefeitura Municipal de Fortaleza em contratos de prestação de serviços (locação de veículos) à edilidade. Os prejuízos financeiros para os cofres públicos já teriam alcançado a cifra de R$ 700 milhões.

A “Operação KM Livre” agora busca outros nomes de envolvidos no derramamento do dinheiro público através de licitações fraudadas com o uso de empresas “fantasmas” e de “laranjas”. O desdobramento, segundo já falam nos bastidores da PF e da própria Justiça Federal, será a prisão de gestores públicos, outros políticos e empresários, além daquelas que emprestaram seu nome e CPF para o esquema de malversação de verbas públicas, lavagem de dinheiro e ocultação de valores.


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