Pelo menos 695 pacientes são atualmente monitorados em ações integradas de saúde pelo Programa de Atendimento Domiciliar (PAD) e em unidades de cuidados especiais na rede estadual, de acordo com os dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Os cuidados humanizados de saúde, feitos por médicos, fonoaudiólogos e psicólogos, por exemplo, reduzem o tempo de internação e possibilitam conforto em casos de doenças terminais.

São seis unidades de saúde na capital, além dos hospitais regionais, que garantem suporte físico e mental a pacientes com doenças neurológicas, após acidentes graves ou outras enfermidades debilitantes. Eles recebem ainda acompanhamento familiar, tanto no hospital quanto em visitas às residências.

Com a redução no tempo de internação, consequentemente, são menores as chances de infecção em casa, além de o contato familiar contribuir para a recuperação, como analisa a diretora do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) do Hospital Geral Waldemar de Alcântara (HGWA), Úrsula Wille. “Quando o paciente saí do hospital, ele muda, começa a se comunicar, a melhorar muito somente pela mudança de ambiente, esse é um estímulo para a reabilitação e a qualidade de vida é outra”, pontua.

Os hospitais, nesse sentido, também reduzem os custo, e as vagas disponíveis são destinadas aos outros atendimentos. Para realizar esse trabalho, Wille defende que os pacientes devem ter seu quadro bem analisado para a proposição do melhor tratamento. “São doenças que vão precisar de assistência para o resto da vida por condições muito debilitantes, a maioria neurológicas, como esclerose lateral amiotrófica, o paciente vai perdendo o movimento e até a capacidade de respirar sozinhos”.

Assim, são realizadas terapias para a recuperação muscular e da fala ou para dar conforto àqueles que passaram por procedimentos como aplicação de sondas. Como o número de vagas nos municípios do interior é menor, a médica observa um movimento de deslocamento para acesso ao serviço. “Isso acontece mais nos pacientes que dependem de cuidados mais complexos, como ventilação mecânicas, crianças que nascem com deficiências, ou sofreu com falta de oxigênio no parto”, destaca.

Essa necessidade por ampliação do serviço para atender a demanda existente também é observada pela professora do Departamento de Medicina Clínica na Universidade Federal do Ceará (UFC), Manuela Sales.

“Infelizmente as cidades menores no interior ainda não tem esses cuidados paliativos e atendimento domiciliar eficaz. Em Fortaleza nós temos duas iniciativas: O Melhor Em Casa, da Prefeitura, e os serviços de atendimento domiciliar do Estado”.

Conforme a especialista, a relevância do trabalho também está na avaliação e adequação do ambiente físico onde os pacientes são acompanhados. Além disso, como acrescenta, os postos de saúde nos municípios cearenses podem contribuir com os cuidados familiares. “A demanda reprimida é enorme mesmo com essa iniciativas e o ideal é que houvesse integração maior com a atenção primária, a capacitação dos médicos e equipes da saúde da família para ter uma abrangência maior”, ressalta.

Sensibilidade com os pacientes

Os profissionais de saúde do Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte, no sul do estado, viram a oportunidade de melhorar o quadro da paciente Maria das Dores Targino, de 83 anos, que sofreu um derrame cerebral e lida com Alzheimer há três anos, por meio de uma boneca. “Ela ficou quase inconsciente e não podia ficar com o brinquedo, mas quando ela estava melhorando eu mostrei uma foto à doutora e ela disse para trazer porque podia ajudar no tratamento”, lembra o filho Geraldo Targino dos Santos, de 50 anos.

O servidor público avalia uma recuperação mais rápida da mãe, 10 dias internadas e com alta na última semana, depois das terapias realizadas no hospital e da sensibilidade da equipe. “Em casa ela já ficava querendo brincar [com a boneca] e a minha netinha ficava chorando. Então, a gente comprou essa boneca e ela se apegou. Nós ficamos super felizes com o atendimento”, comenta.

(G1 CE)


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